sábado, 28 de agosto de 2010

Apelo

Hoje quero jogar tudo pro alto. Sair correndo em qualquer direção e gritar uma frase sem o menor nexo pro mundo todinho ouvir.
Quero abusar das idiotices e dos sorrisos. Colocar limite na dor maxilar e rir até cair no chão e molhar as calças. Depois eu iria roubar o fôlego de cada um, pois é essa canseira pós riso que eu quero ter para o resto da minha jornada de trabalho, quando eu tiver um.
E quero que me façam cócegas.
Quero pular do lugar mais alto do mundo e dizer que sou livre; quero não ter paraquedas e voar. Ousar, subir a montanha mais gelada e surfar nas dunas mais quentes. Quero ir ao extremo do meu eu, do seu eu e do eu do mundo. Viver intensamente e diferenciar-me dos intensamentes alheios. Quero sincronizar-me à todos os fusos e poder ser tudo o que quero ao mesmo tempo. Andar de bicicleta até corroerem as minhas pernas ou os pneus, que seja.
Quero obrigar-te a andar a pé de mochila comigo pelo resto do caminho, porque já se foram os pneus, mas restam-nos os solados e os calcanhares.
Quero viver.

Azul.

Assim como as águas dos oceanos, coloridas por pigmentação que eu não sei explicar, são seus olhos. E são inteirinhos pra mim.
Dos céus, onde encontro paz e é tão lindo, encontro também os seus azuis batendo de frente com os meus avelãs- tão sem graça.
Dos fios que me trazem energia, do caderno que me dá folhas brancas e limpas para poder escrever-te um poema, das garrafinhas de água em que me hidrato umas quatro vezes por dia, do chão da minha casa, que mesmo escuro não deixa de ser azul, e das porradas de coisas que me lembram você e seus lindos olhos cor de metamorfose, que ora são azuis como os limpos céus ora são da cor da tempestade como nuvens cinzas. E não se acanham ao ficarem esverdeados e com pupilas enormes para provocar e mostrar-me o quanto são capazes.
E se posso te amar assim como amo os céus, os oceanos e as garrafinhas, posso também amar o azul assim como amo seus olhos. E são inteirinhos pra mim.

terça-feira, 3 de agosto de 2010

Dificuldade alertada

Por que a vida despenca dos degraus do sacrário antes do amém?
Talvez a fé não seja das boas e a gente acaba viajando no momento da oração.
Viajando em busca do consolo incerto, dado como real sem ao menos provas concretas do poder da luz, de onde é chamada de divina.
Não é engraçado? Saber a importância das coisas e ainda sim insistir em ignorá-las?
Assim caminha, cheio de constante inconstâncias do cotidiano, que bifurcam os passos para o altar ou para a fogueira das bruxas fiéis aos desejos humanos.
Saber para onde vamos é que se torna uma questão difícil de responder, sabe… Indecifrável.
Torna-se assim uma forma de pregar-se à fé de maneira que sabemos o futuro pelas atitudes tomadas no atual transicionamento entre o céu e inferno.
E os degraus continuam a se formar, infinitos. Daí já não se sabe mais nada,
afinal quando pensa que não pode ficar pior o vento celeste bate e o corpo desfalece.