segunda-feira, 8 de novembro de 2010

O mundo que ela tem

Vem tentar que a tristeza vá embora. O pouco de tempo que anda em seu mundo a deixa se desligar e a entrar numa realidade a qual não pode se identificar e fazer com que as coisas aconteçam do seu modo. Ela precisa de um lugar bonito, com as pessoas que ama e que não a amam. Um tanto de drama e sofrimento para que algo possa sair de seus dedos e mente. Ela se sentirá real, se assim for. Loucura é que já não sabe se existe ou se são só pensamentos. Ainda, faltam-lhe resolver sobre a culpa que se dá, sobre a consciência que já lhe pesa. Ela nem mesmo sabe se quer o que pensa querer. Sabe, e ponto, que sente um aperto gostoso só de pensar que vai acontecer de verdade.

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Batatas à meia-noite

Logo ali, na cozinha, não sei se são minhas lágrimas que descem fervendo ou se são os respingos de óleo que queimam enquanto choro por dentro e frito batatas.
Anseio saber que está tudo bem, que você se arranjou, que voltou pra casa segura. E temo, em tempo igual, que esteja em perigo ou sem abrigo e sem meu eu pra te agasalhar.
Se por acaso, ou por amor mesmo, seus olhos me pedem calma e não-preocupação, eu entendo que está pedindo para que eu não te ame do meu jeito de amar e que é só seu o direito de cuidado comigo. Me parece egoísta.
Não vai admitir que eu chore por banalidades ou por você. E vai teimar pro resto da vida. Sou insistente.
Se duvido ou choro, se preocupo ou pergunto demais, se te pressiono às vezes ou sempre é porque tô tentando ganhar meu direito de te amar.


sábado, 25 de setembro de 2010

Retomando o que era demais pra mim.

"Queria ter a delicadeza de quem tem as mãos suaves.
Queria beijar como quem beija com prazer.
Queria sentir o que se sente quando se ama
E ver seus olhos olhando os meus.

Queria ser tão simples.
Queria ser inteiramente mulher.
Queria ter vaidade-moda
Mas isso não me incomoda.
Porque sei como quero ser.

Minha mente se confunde
e já não sabe do que é capaz.
O que eu queria era que alguém pudesse me amar;
porque eu já amo demais."

O fato é que tudo isso é verdade, de verdade.
Tá certo que eu mudaria a última linha, do segundo parágrafo, para: "Porque sei como sou." ou "..como devo ser."
Um pequeno erro, e lá vai o texto todo pro ralo.
Mas não é disso que preciso falar.
Confesso: eu não tenho vaidade mesmo! E não me faz falta. BUT, infelizmente, faz falta pra minha mãe. Porque eu tenho a obrigação de querer ter o que ela não teve. Isso é que me rouba a loucura!

domingo, 5 de setembro de 2010

Meu Pretérito-perfeito-presente

Disseram-na um dia que se encontrava distante, que seu olhar andava longe e que já não era mais a mesma.
Ela tentava disfarçar. Mas talvez estivesse mesmo distante, perdida. Não era em lugar algum, mas em seu próprio conflito interno.
A confusão de sua mente a deixava sem razão. Olhava mas não via, ouvia mas não escutava; falava, mas era uma fala automática.
Zumbia, zunzunzava pela casa.
Tentava enxergar no espelho sua alma, mas era demasiada louca e nada visava além de seus olhos vermelhos e suas pálpebras semi-fechadas arroxeadas; pelo muito tempo que chorou.
Nada havia então de fazer.
Pensou. Chorou. Rezou. Chorou e começou a rezar. Rezou e começou a chorar. Não deixou de pensar e parou por uns instantes.
Colocou-se a possibilidade de uma nova vida. Mas não dá pra esquecer assim das coisas. Fugir era uma boa opção. O medo é que era o maior obstáculo.
Conversou. Tentou chegar a um acordo. Mas se só um lado cede [assim pensava], só um lado tem de sofrer.
Não soube, por fim, escolher.
Antes, brigou. Se fez como quem podia se impor. Fracassou.
Ligou o chuveiro. Deixou que água a tomasse em soluços e catarros. E os nós engasgados que a água não deu conta de levar.
Procurou no silêncio uma resposta, que não vinha.
Deixou-se enlouquecer.
Ligou. Chorou. Lamentou. Pediu desculpas. Se arrependeu. Voltou atrás. Ligou denovo e ficou em dúvida sobre o que iria fazer. Deixou acontecer. Não aconteceu nada; ou ela fingiu que não.
Então ela se acalma, pensa com cuidado e desenvolve uma alternativa. Só uma.
Decide procurar ajuda - não de médico mas - de alguém a quem pertence a mais bela das almas; o mais puro coração que Mariana conheceu. E ela sabe quem é.
Não é padre. Nem pastor. Nem mesmo é Deus, porque nesse ponto já não tem certeza de nada. A verdade é que ela não consegue ouvi-lo.
Pensa mais um pouco.
Formula algumas questões. Simula algumas soluções.
Ela sabe o que tem que fazer-.

sábado, 28 de agosto de 2010

Apelo

Hoje quero jogar tudo pro alto. Sair correndo em qualquer direção e gritar uma frase sem o menor nexo pro mundo todinho ouvir.
Quero abusar das idiotices e dos sorrisos. Colocar limite na dor maxilar e rir até cair no chão e molhar as calças. Depois eu iria roubar o fôlego de cada um, pois é essa canseira pós riso que eu quero ter para o resto da minha jornada de trabalho, quando eu tiver um.
E quero que me façam cócegas.
Quero pular do lugar mais alto do mundo e dizer que sou livre; quero não ter paraquedas e voar. Ousar, subir a montanha mais gelada e surfar nas dunas mais quentes. Quero ir ao extremo do meu eu, do seu eu e do eu do mundo. Viver intensamente e diferenciar-me dos intensamentes alheios. Quero sincronizar-me à todos os fusos e poder ser tudo o que quero ao mesmo tempo. Andar de bicicleta até corroerem as minhas pernas ou os pneus, que seja.
Quero obrigar-te a andar a pé de mochila comigo pelo resto do caminho, porque já se foram os pneus, mas restam-nos os solados e os calcanhares.
Quero viver.

Azul.

Assim como as águas dos oceanos, coloridas por pigmentação que eu não sei explicar, são seus olhos. E são inteirinhos pra mim.
Dos céus, onde encontro paz e é tão lindo, encontro também os seus azuis batendo de frente com os meus avelãs- tão sem graça.
Dos fios que me trazem energia, do caderno que me dá folhas brancas e limpas para poder escrever-te um poema, das garrafinhas de água em que me hidrato umas quatro vezes por dia, do chão da minha casa, que mesmo escuro não deixa de ser azul, e das porradas de coisas que me lembram você e seus lindos olhos cor de metamorfose, que ora são azuis como os limpos céus ora são da cor da tempestade como nuvens cinzas. E não se acanham ao ficarem esverdeados e com pupilas enormes para provocar e mostrar-me o quanto são capazes.
E se posso te amar assim como amo os céus, os oceanos e as garrafinhas, posso também amar o azul assim como amo seus olhos. E são inteirinhos pra mim.

terça-feira, 3 de agosto de 2010

Dificuldade alertada

Por que a vida despenca dos degraus do sacrário antes do amém?
Talvez a fé não seja das boas e a gente acaba viajando no momento da oração.
Viajando em busca do consolo incerto, dado como real sem ao menos provas concretas do poder da luz, de onde é chamada de divina.
Não é engraçado? Saber a importância das coisas e ainda sim insistir em ignorá-las?
Assim caminha, cheio de constante inconstâncias do cotidiano, que bifurcam os passos para o altar ou para a fogueira das bruxas fiéis aos desejos humanos.
Saber para onde vamos é que se torna uma questão difícil de responder, sabe… Indecifrável.
Torna-se assim uma forma de pregar-se à fé de maneira que sabemos o futuro pelas atitudes tomadas no atual transicionamento entre o céu e inferno.
E os degraus continuam a se formar, infinitos. Daí já não se sabe mais nada,
afinal quando pensa que não pode ficar pior o vento celeste bate e o corpo desfalece.

domingo, 25 de julho de 2010

Um pouquinho de você

Não sei se te conheço. Estar perto e presente não basta, sou curiosa.
Talvez possa omitir ou enrolar alguma situação que me faça constrangida ou chateada, mas dê-me um motivo pra ficar bem.
Você me faz feliz, me faz tudo o que preciso na verdade. E seus olhos, mais do que medo de me perder, têm segredos.
Eu quero te amar, está claro a quem quiser ver, e quanto mais a tenho mais a quero ter; todos os dias.
Se pareço fria é porque sou mesmo. Não se incomode, pode ser propositado.
Mas declaro que te entrego minha vontade de amar, de fazer amor, de me apaixonar e ter uma história pra toda vida ou passageira, mas com você.